O símbolo tem origem inusitada (Fonte: Jornal Opção/Reprodução) |
Como um antigo símbolo do império romano foi parar nas mãos do grupo que assombrou o mundo no século XX.
Fasces ou fascio littorio.
Você já ouviu falar nesses termos?
Há um significado muito interessante em toda a mitificação e a origem é mais antiga do que parece.
Quer saber como se originou o símbolo do fascismo?
Continua a leitura aí e você vai ver...
Fasces romana
Já reparou como boa parte da identidade do fascismo italiano tem relação com o império romano?Existe uma razão importante para isso que vou explicar neste post.
Mas antes, você vai precisar saber qual é a origem do símbolo.
Tudo começa no fasces latino, uma insígnia da autoridade oficial do império romano.
Do que se trata?
Um machado, com um feixe de varas amarrados por uma faixa vermelha.
Curioso, não é?
Fasces também já apareceu na moeda de dez centavos americana (Fonte: Numismatic News/Reprodução) |
A palavra entrou no vocabulário italiano como “fascio” e foi recebendo diferentes apropriações ao longo do tempo.
Sabe a Marianne, personificação da república francesa?
Então, foi retratada várias vezes portando um desses.
A influência também pinta em uma moeda americana dos anos 1930.
Evolução do simbolismo
Aposto que você está se perguntando o que raios a fasces simboliza.Bom, não há uma resposta definitiva para isso.
Como o historiador americano Robert Paxton aponta em A Anatomia do Fascismo, a fasces representa valores como “autoridade” e “unidade”.
Até que faz sentido para as ideias do Mussolini, não é?
Sabe aquele papo romano?
Uma descoberta arqueológica em uma tumba mostra que o símbolo pode ter origem etrusca.
E, adivinhe?
Os romanos se apropriaram, assim como os fascistas.
Vai vendo…
Antes da Primeira Guerra, o símbolo era mais usado pela esquerda.
E o termo “fascio” já deu as caras na região antes.
Os “Fasci Siciliani”, eram o grupo que insurgiu na Sicília no final do século XIX.
Continua a leitura que você vai entender esse rolo...
Apropriação do Mussolini
Como cheguei a citar no post sobre Carlos Lacerda e o comunismo, Mussolini foi um clássico caso de jovem socialista desiludido.E a palavra “fascio” já surgia naquela época.
O grupo de esquerda do qual fazia parte era o “Fascio Rivoluzionario d’Azione Interventista”, tentando insuflar uma participação italiana na primeira guerra.
Cartaz promovendo discurso do Mussolini (Fonte: 1418/Reprodução) |
Calma, não precisa abrir o Google Tradutor.
Significa “A Liga Revolucionária de Ação Intervencionista”.
O grupo “pró-guerra” conseguiu a participação italiana e, para descrever os sentimentos desse grupo depois da Primeira Guerra, Mussolini criou um novo termo.
Esse você já conhece bem.
É “fascismo”.
A receita para esse bolo é pouco convencional.
Veteranos da Primeira Guerra, antigos militantes pró-guerra e intelectuais antiburgueses, chamados de “futuristas”.
Todos se uniram para “declarar guerra ao socialismo”.
A coisa não para por aí...
Romanidade
Lembra de quando eu disse que o Mussolini usava muito da estética do império romano?Então, isso era útil para dar um match à lá Tinder entre a ideologia e a história da nação.
A “romanidade” é propagada por ele próprio.
O símbolo é presente na cultura popular e chega a aparecer na série Legends of Tomorrow (Fonte: Fandom/Reprodução) |
Como o próprio Mussolini diz em A Doutrina do Fascismo, “o estado fascista é uma vontade de potência e de Império. A tradição romana é nele uma ideia-força”.
É uma retórica feita para cativar, não é?
Isso vai de encontro com as abordagens weberianas ou antimodernistas do fascismo, baseadas nas ideias do teórico alemão Max Weber.
Pareceu complicado?
Calma, vou explicar melhor.
Para o historiador britânico Kevin Passmore em Fascism: A Very Short Introduction, a visão weberiana atribui o fascismo a um movimento de elites “pré-industriais” ou “feudais”.
O que raios isso significa?
Uma tentativa de ressuscitar o modelo de classes anterior à revolução industrial e ao capitalismo
Até faz sentido para o papo da fasces, do símbolo do fascismo e do império romano, não é?
E aí?
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Fontes: Encyclopædia Britannica
A Anatomia do Fascismo, Robert O. Paxton
A Doutrina do Fascismo, Benito Mussolini
Fascism: A Very Short Introduction, Kevin Passmore
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