Polícia bloqueando protestos em Myanmar (Fonte: The New York Times/Reprodução) |
Como o país de dois nomes que serviu de cenário para o Rambo IV foi palco de um conflito digno de um filme de Hollywood entre uma Nobel da Paz e um grupo de militares golpistas.
Se você não dormiu no ponto nos últimos dias, talvez tenha visto alguma notícia sobre o golpe militar de Myanmar.
Pois é…
O pau está quebrando no sudeste asiático e é tiro, porrada e bomba.
Tenso, não é?
Aposto que a primeira pergunta que cruzou sua mente foi “o que é Myanmar” ou “onde fica Myanmar”?
Bom, vou explicar esse rolo todo nos próximos tópicos.
Não precisa nem pegar o café porque vai ser rápido.
Vamos lá?
O que é e onde fica Myanmar?
Talvez você conheça Myanmar por um outro nome: Birmânia.
Apareceu no Rambo IV.
Aparentemente um outro país autoritário do sudeste asiático poderia ser tão interessante para os fãs quanto o já explorado Vietnã dos filmes anteriores.
A coisa não para por aí...
No filme, você pode ver algumas pistas sobre a visão ocidental dos militares como figuras sádicas e depravadas.
Essa é uma das razões pelas quais o filme chegou a ser proibido no país.
Eita!
Myanmar é uma bagunça étnica de birmaneses, karens e xãs na vizinhança de nações como China, Laos, Tailândia, Bangladesh e Índia.
Sua população é majoritariamente budista.
O militarismo apresentado no filme tem suas razões e você já vai conhecer algumas delas...
Como as coisas aconteceram até aqui?
Os primeiros habitantes falantes de línguas tibeto-birmanesas provavelmente fizeram parte de um povo chamado "Pyu".
Sabe as cidades-estados que você costumava ouvir falar na escola?
Então, Myanmar já foi palco desse modelo.
Continua lendo aí que você já vai entender...
Mais ao sul, vivia o povo Mon, falando línguas austroasiáticas.
Isso já dava pistas das divisões étnicas que estavam por vir...
A história começou a mudar com o surgimento de outro grupo: os birmaneses.
Boa parte da treta começa aqui.
O povo birmanês transformou a pequena tribo de Pagan na capital de um poderoso reino.
Isso deu início ao domínio étnico birmanês que dura até hoje e ainda unificou a região.
É mole?
Após o período Pagan, a região foi fragmentada em vários estados com dinastias diferentes.
E então?
O país virou uma colônia britânica em 1885, tendo um papel importante na Segunda Guerra Mundial.
A independência só foi rolar em 1948.
Como boa parte dos países asiáticos, passou por um regime socialista na Guerra Fria que originou algumas das tretas de hoje.
Como se deu o golpe?
Boa parte do que tem acontecido em Myanmar envolve a Aung San Suu Kyi, sua figura mais popular.
Talvez você já tenha lido esse nome em algum lugar.
Bom, geralmente as opiniões sobre ela são bem divididas.
Há uma boa razão para isso.
Suu Kyi é aclamada como ícone dos direitos humanos e Nobel da Paz pela luta contra o regime socialista de partido único no país.
Os militares tomaram o poder em 1989 e a mantiveram em prisão domiciliar por 15 anos.
A ativista fundou um partido pró-democracia, o NLD e os filhos receberam o Nobel em seu nome.
Após 2010, o país passou por reformas, se tornou mais democrático, Suu Kyi saiu da prisão domiciliar e o NLD finalmente conseguiu chegar ao poder.
Myanmar passou a ser liderado pela ativista.
Mas se você pensa que Suu Kyi é unanimidade, pense duas vezes.
Ela é radicalmente criticada e apontada como cúmplice do genocídio da minoria muçumana rohingya.
E qual é a treta que tem acontecido lá?
Bom, os militares voltaram ao poder.
Dessa vez, declarando "estado de emergência".
A oposição à ativista alegou fraude nas eleições e as forças armadas compraram a ideia.
E, adivinhe?
Suu Kyi voltou para prisão domiciliar.
O que tem acontecido por lá?
A morte do pequeno sopro de liberdade que Myanmar experimentou não passou despercebida.
A treta repercutiu grandão.
Reino Unido, União Europeia e até o secretário-geral da ONU e o presidente dos EUA deram seus pitacos e reprovaram.
Já a China, foi empurrada para a posição desconfortável que sustentou durante anos: a de principal apoiadora da ditadura militar mianmarense.
Balões simbolizam protesto contra o golpe em Myanmar (Fonte: The New York Times/Reprodução) |
A realidade do país voltou a ser opressiva.
A coisa está tensa...
Uma série de prisões vem acontecendo e até a internet foi cortada.
Com tudo jogando contra, os cidadãos ainda investem em desobediência civil.
Haja coragem!
Em Yangon, capital comercial de Myanmar, os ativistas suspenderam balões vermelhos como forma de protesto.
A cor é uma homenagem ao NLD e simboliza a esperança de ver Suu Kyi e os outros membros do NLD livres.
As manifestações seguem tomando as ruas de Myanmar.
Apesar da opressão, a população parece que não vai desistir tão cedo de ver seu país novamente livre.
E aí?
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